Newton de Carvalho Braga é a maior sumidade em Eletrônica do Brasil e certamente uma das maiores do mundo. Esse paulistano de 66 anos, que começou a se envolver com esse universo quando ainda tinha 13, dirigiu revistas como “Eletrônica Total” e “Experiências e Brincadeiras com Eletrônica”; publicou 140 livros, sendo boa parte no exterior, em países como Estados Unidos, Turquia e China; coordena o Instituto que leva seu nome e mantém o caudaloso site newtoncbraga.com.br; leciona Tecnologia, Eletrônica, Mecatrônica e Telecomunicações e segue produzindo textos, experimentos e projetos.

A despeito disso tudo, na entrevista que concedeu a Fred Paulino e Lucas Mafra, da Facta, Newton Braga diz que está aposentado. Ao mesmo tempo, comenta que está com mais de 5 mil artigos prontos, que estão sendo processados para, ao longo dos próximos anos, serem postados em seu site. É com empolgação que ele fala do ensino da eletrônica, do interesse dos jovens pela área, e também de nomes referenciais para sua própria formação. Confira a seguir como foi a conversa, realizada na escola de segundo grau Mater Amabilis, em Guarulhos – SP, onde o mestre leciona.

 

Quando o senhor começou a publicar revistas, na década de 60, a sustentabilidade ainda não era uma questão. Como o senhor acha que esse panorama mudou e qual a relação disso com a evolução da tecnologia analógica para digital?

Os jovens só dependem de você mostrar o caminho, certo?! É o que a gente faz aqui na Escola. Eu falo muito para eles da evolução rápida da tecnologia, que é rumo a ciências como a plasmônica ou a nanotecnologia, e eu mostro que quando saírem da Faculdade, daqui a cinco, seis ou sete anos, eles vão encontrar um mundo diferente de hoje. A mudança é muito rápida. E eles vão estar num lugar em que precisarão ter consciência em relação ao ambiente em que vivem. É tudo questão de a gente se preparar ao longo do tempo, para ir enfrentando os problemas à medida em que eles surgirem. E eles estão surgindo. Temos que fazer um aproveitamento melhor da energia. Aqui na escola vamos ensinar aos alunos a calcular o consumo de energia em casa e depois, eles vão ter que fazer um projeto para cortar esse consumo, trocando lâmpadas, modificando hábitos. Até usando algumas coisas alternativas. Por exemplo, montar um timer para quando eles entrarem em casa, a luz da varanda apagar sozinha e economizar energia.

Qual a sua opinião sobre a obsolescência programada, os produtos que já são feitos para durarem pouco? E como o senhor acha que se dá o diálogo entre as tecnologias que hoje nos são oferecidas e as antigas, que eram mais duradouras?

Eu acho que a convivência de tecnologias antigas e novas ainda é válida. Quando eu ensino, gosto de partir da tecnologia velha e gradativamente ir chegando à tecnologia nova. E eu falo de uma coisa muito importante que existe hoje, que é a obsolescência, não só da tecnologia, mas do profissional. Antigamente um engenheiro saía da Universidade e já tinha aprendido tudo o que ele precisava para trabalhar a vida inteira. Hoje em dia, o engenheiro sai da universidade e a cada dois anos, ele perde 50% da capacidade de concorrer no mercado. Ele fica 50% obsoleto. A necessidade é de você se atualizar sempre. Isso acontece com a tecnologia também, em termos de uso, certo?! Você fica com seu celular um ano e ele já está ultrapassado. O seu computador, em um ano ele já está ultrapassado. Sua máquina fotográfica, em um ano tem que comprar outra. Então a tendência do futuro é muito interessante, ela foi explorada num livro do Cris Anderson, que é o “Cauda Longa”, e um outro livro, o “Free”, que é “O Mercado do Grátis”. A tecnologia hoje evolui tão rápido que os bens de consumo estão tendendo ao preço zero. É o caso do celular: todo ano você pode trocar o seu por um novo, usando os pontos, sem pagar nada. Isso aí vai tender para tudo, porque vão sendo criandos novos modelos de produtos, que as pessoas vão assimilando e deixando os outros de lado. Mas existe uma teoria, que é a do enxame. O enxame se alonga, então tem aqueles que vão na frente e os que vão atrás. Quando muda a tecnologia, os da frente avançam um pouco, mas os de trás continuam na mesma, quer dizer, sempre existe um mercado para todos. Eu estive no Nordeste no final do ano passado e me surpreendeu, por exemplo, o fato de você andar por aquelas cidades do interior e ver todo mundo com antena parabólica, mas naquele modelo antigo, certo?! Eles estão um passo atrás da gente, da TV por assinatura. Se você vai para o interior de São Paulo, você vai encontrar – eu fiquei surpreso! – em muitas fazendas, os peões, a maioria deles, com televisão valvulada, aquela televisão da tecnologia dos anos 60 e 70, e está lá funcionando. E você encontra ainda o técnico trabalhando no conserto dessas TVs. As tecnologiasantigas convivem com a nossa. Você ainda vê a carroça andando na via pública, apesar de todo mundo ter carro. Você vai ver o sujeito, ainda, que não tem o telefone celular. Não é simplesmente o aparecimento de uma tecnologia nova que vai descartar a anterior. E existem os casos, às vezes, em que a anterior é até melhor. Se você pega, por exemplo, a própria tecnologia da fotografia; até há pouco tempo havia o convívio da fotografia em papel com a digital, porque as máquinas fotográficas digitais não estavam suficientemente avançadas. Você não tem nunca o descarte total das tecnologias antigas quando uma nova é criada.

Eu vou falar cinco nomes, e te pergunto: se o senhor pudesse voltar no tempo e conversar com algum deles, qual o senhor escolheria e por que? Einstein, seu xará Newton, Tesla, Thomas Edison e Benjamin Franklin.

Olha, todos deram a sua grande contribuição para a Ciência e eu gostaria, no fundo, de conversar com todos, mas tem um nome que você não colocou, que é o Landell de Moura, vocês já ouviram falar dele? O padre Landell de Moura, brasileiro, inventou o rádio antes do Edison, antes do Marconi. Antes do Marconi anunciar ao mundo o seu rádio, o padre Landell de Moura transmitia sinais e mensagens da avenida Paulista, aqui do Colégio São Luiz, até o Seminário de Santana. Ele tinha invenções incríveis! O problema é que ele não foi reconhecido, mas agora estão começando a resgatar suas patentes nos Estados Unidos e ele deve, em breve, ser considerado o nosso patrono das Telecomunicações. E vou contar uma história muito interessante: tenho um amigo que entrevistou um cara que foi coroinha nas missas do Landell de Moura. Ele conta que o padre improvisava, fazia umas gambiarras fantásticas, montava equipamentos transmissores de rádio. Ele chegou a montar um equipamento transmissor de TV na época em que o Edison não tinha inventado o rádio. Puseram fogo no laboratório dele porque disseram que ele tinha parte com o diabo (risos). Dizem que ele entrava na missa com uma caixinha, punha essa caixinha no altar e começava o sermão. Aí, de repente, ele ia na caixinha e falava. Acontece que isso aí foi no começo do século XX, então ainda não tinha nada de tecnologia. Nunca ninguém teve coragem de perguntar o que tinha na caixinha. Quando ele morreu, descobriram: ele tinha inventado o gravador antes do Edison! Ele gravava os sermões. Isso antes do Edison inventar o gravador, antes do Marconi inventar o rádio. Então realmente ele foi injustiçado. Agora estamos resgatando sua imagem. Existe aqui em São Bernardo do Campo um museu Landell de Moura. Eu gostaria de ter tido a oportunidade de conversar com ele, deve ter sido uma pessoa fantástica!

Nem Einstein, nem Newton, nem Tesla, nem Edison, nem Franklin: o brasileiro Landell de Moura

E em relação ao seu acervo, seu histórico? A gente sabe que o senhor tem um cuidado especial com o site, para potencializar a divulgação, mas e a preocupação em ter um espaço físico, onde suas experiências, seu projetos, possam ser montados e disponibilizados?

Aqui em São Paulo existe um projeto em andamento, que é a construção de um museu de tecnologia, na Barra Funda. Os organizadores querem me dar uma sala, com o meu nome, e também para outras pessoas que contribuíram para a tecnologia no Brasil, como o professor Zuffo, da Escola Politécnica, o Etevaldo Siqueira, que vocês devem conhecer do jornal “Estado de São Paulo”, que cobre tecnologia, e o nosso astronauta, o Marcos Pontes. Eu planejo colocar à disposição o meu acervo de livros e também muitos dos projetos que eu fiz na minha vida e que estão montados, funcionando. É minha intenção deixar isso para as gerações futuras. Eu acho que vale a pena, afinal de contas, durante toda a minha carreira eu vendi quatro milhões de livros, então tem muita gente que eu sei que está hoje na eletrônica por minha causa. Eu encontro em toda parte e isso pra gente é uma satisfação. Eu gostaria, ainda, de encaminhar muita gente para esse mundo fantástico da tecnologia. Mesmo quando a gente monta um aparelhinho simples, de tecnologia ultrapassada, com um jovem de 12 ou 13 anos, e ele vê aquilo funcionar, aquilo é o inicio do caminho, o que eu quero mostrar para muitos ainda.

 

Qual é o seu projeto eletrônico ou o seu projeto de vida mais bem-sucedido e, por outro lado, o mais mal-sucedido?

Olha, eu não sei se tem mal-sucedido, porque às vezes quem monta não conta (que deu errado). Mas eu tenho alguns projetos que me causaram uma surpresa muito grande. Entre projetos bem-sucedidos tem um que, certa vez, eu estava lá na editora e recebi o telefonema de um engenheiro brasileiro que trabalha na NASA. Ele falou “olha, Newton, eu tenho a satisfação de informar que nós conseguimos solucionar o problema de um satélite americano usando um circuito seu. E hoje você pode dizer que você tem um circuito no espaço”. Isso ai é uma satisfação muito grande! Um outro também que a gente resolveu, que – é até engraçado os projetos que as pessoas fazem baseados nos projetinhos que a gente publica – foi um timer de sequencial. Um professor da Universidade da Amazônia precisava colher amostras de insetos no alto das árvores da floresta, então ele mandava um sujeito subir com uma caixinha e às 9h e ele abria e fechava a caixinha, para pegar os insetos das 9h. Daí, ao meio-dia, ele abria e fechava a caixinha de novo para pegar os insetos do meio-dia e depois fazia um levantamento para ver seus hábitos. E o sujeito, quando descia, estava todo picado. O que é óbvio, não é? Então ele pegou um projeto meu e automatizou o sistema. Assim, o sujeito só subia de manhã para pôr e de tarde para pegar. Às vezes os leitores me mandam histórias por e-mail, cartas. Existe uma história muito interessante, que mostra o lado humano, às vezes, do trabalho que a gente faz. Eu recebi uma carta de um sujeito de uma favela do Rio de Janeiro e ele me fala assim: “olha, professor, o senhor salvou a minha vida. Porque eu estava no mundo das drogas, aí eu comecei a mexer com eletrônica, eu gostei, eu aprendi, hoje eu tenho uma oficina e sou bem-sucedido”. Ele me agradecia por ter salvo a vida dele! Então você vê que a gente às vezes também tem essas satisfações, que mostram que o trabalho da gente não é só técnico. É também bastante humano, e a gente às vezes tem essa satisfação.

Não sei se o senhor viu aquela máquina mais inútil do mundo, que você liga e ela se autodesliga?

Esse projeto era de um amigo da gente, o senhor Frank, que escrevia todo 1º de abril na “Saber Eletrônica”. Lembro de um artigo que ele escreveu com o pseudônimo de Aldo Vilela, que ensinava a fazer coisas mirabolantes, mas que o sujeito chegava no fim e descobria que aquilo tudo não funcionava! Eles chegaram a fazer, por exemplo, um toca-discos em que não era o disco que girava, mas a agulha, com um carrinho. E teve gente pedindo o esquema! Quem fazia muito isso – não sei se vocês já ouviram falar, é um cara que também me inspirou bastante – era o Hugo Gernsback. Ele foi o fundador da revista “Radio Electronics” nos Estados Unidos. Ele era fantástico, foi quem descobriu o Asimov. O Isaac Asimov começou a escrever com ele. E ele tinha esse costume, de fazer, todo dia 1º de abril, um artigo sobre projetos incríveis de coisas incríveis, como, por exemplo, um amplificador cujo nível de ruído era zero! Aí você examinava o circuito, o sinal entrava e saía por um fio! Quer dizer, não tinha amplificação também né?! (risos) Não tinha ruído mas não tinha amplificação. E ele fazia essas coisas terríveis. O Hugo previu coisas fantásticas do futuro na época dele, que hoje estão acontecendo na tecnologia. Ele foi amigo de personalidades importantes, como o Lee De Forest, que, graças ao Hugo, ganhou o Prêmio Nobel pela invenção da válvula.

Falando de Asimov, o senhor gosta de ficção científica? E tem algum outro hobby?

A minha principal literatura é realmente a ficção científica. Eu tenho todas as obras do Asimov e do Arthur Clarke. Inclusive eu gosto também de escrever um pouco. Eu tenho um personagem, que é o Professor Ventura, um personagem de ficção científica e eletrônica, mas as aventuras dele são mais humorísticas.

Como o senhor relaciona a eletrônica com a gambiarra?

Eletrônica é gambiarra. A maioria dos profissionais de eletrônica, mesmo os avançados, quando fazem um projeto, eles começam com a gambiarra. Eles penduram tudo. É a montagem em ponte, a montagem em matriz, a improvisação das ligações, isso é comum na eletrônica. Ao desenvolver um projeto, nós temos, normalmente, uma fase que passa pela gambiarra.

“Eletrônica é gambiarra.” Foto: Fred Paulino

O senhor acha que o Brasil e outros países do terceiro mundo, por já termos naturalmente o hábito de conviver com a improvisação (muitas vezes por falta de recursos), estariam mais aptos a adquirir os conhecimentos de eletrônica?

Olha, a vantagem do brasileiro é a capacidade de improvisação pela falta de recursos. Isso também a gente observa no terceiro mundo, China, Rússia e Índia, né?! Se você olhar o público, por exemplo, eu tenho muito contato com leitores desses países, e você vê que o nível de trabalho, de conhecimento e de técnica deles é o mesmo que o nosso. Isso então dá um pouco de vantagem, por exemplo, em relação ao americano. O americano, quando precisa de uma determinada coisa para o seu projeto, ele compra pronto. O brasileiro tem que montar, porque não vai achar. Então isso aí nos dá uma vantagem. Tem que fazer uma gambiarra!

O senhor acha que quem tem aptidões eletrônicas está mais bem preparado para o fim do mundo?

Olha, não sei não. O fim do mundo é muito relativo, né?! Eu tenho uma opinião que é um pouco de ficção, que daria até um livro do Asimov. Vocês devem estar percebendo que, cada vez mais, o humano se integra com a tecnologia. Os aparelhos eletrônicos estão chegando cada vez mais perto da gente e já estão entrando na gente. Um cientista russo chamado (Alexander) Oparin escreveu um livro chamado “A Evolução da Vida”. Nesse livro ele fala que, no universo, as formas inteligentes só podem ser feitas de dois tipos de matérias: o carbono e o silício, porque são os únicos que permitem a ligação tetravalente, que formam matéria orgânica, e que podem se autoreproduzir. A natureza trouxe a gente através do carbono. E estamos começando a explorar o silício. Os chips estão se tornando inteligentes, menores, já estão sendo implantados nas pessoas. Então eu acredito que a próxima fase da evolução da humanidade é rumo à transferência do carbono para o silício. Daqui a cem anos, os seres humanos vão ser 90% de silício! Carbono vai ser, talvez, só o cérebro. Vai haver uma substituição. E quem sabe, talvez, no futuro, até o cérebro?! Hoje já se fala em vida artificial, então talvez o que se chama de “fim do mundo” seja o fim da humanidade de carbono. Nós partiríamos para uma humanidade de silício. Mas seria um transição lenta, natural, que a gente mal perceberia. Então é tecnologia. Quem está na tecnologia vai estar preparado para o fim do mundo, ou melhor, vai ser responsável pelo fim do mundo do jeito como a gente conhece.

O senhor acredita em forma de energia infinita, em moto perpétuo?

Não. A gente fala sempre na morte térmica do universo, porque a energia no universo é limitada. Eu acredito que, cada vez mais, nós possamos explorar melhor novas formas de energia, como a fusão à frio, que é uma fonte infindável de energia. Talvez quando nós dominarmos melhor a física quântica, talvez as energias disponíveis de outras dimensões… Porque já se fala nisso, né?! Mas realmente, dentro do nosso universo a energia é finita. Quando o universo se formou, ele se formou a partir de uma explosão que continha uma quantidade finita de energia, e é essa que nós temos que aproveitar. E o moto perpétuo, é lógico que não existe, porque não se pode criar energia.

Parece estar havendo um “revival” da eletrônica analógica, talvez até pelo fato de muitas pessoas já estarem cansadas de tanta alta tecnologia. O senhor tem acompanhado isso?

A eletrônica analógica nunca esteve fora. Quando surgiu eletrônica digital, havia até uma tendência lá nas publicações em que eu estava de transformar a revista numa revista de eletrônica digital. Mas eu mostrei uma coisa: o ser humano é analógico, então a nossa interface com o mundo digital ainda é analógica! Na realidade, o ser humano é analógico, então nunca houve uma fuga do analógico. O que houve foi que o pessoal concentrou mais a atenção na área digital. Eu sempre alertei que sem a eletrônica analógica, a digital não funciona. Nesse momento mesmo, a minha voz analógica está entrando pelo microfone analógico da gravação, e aí vai ser processado analogicamente para poder entrar no circuito digital. Aí, se ele quer ouvir a minha voz, ela tem que ser convertida em analógica para ir no fone de ouvido. Então o analógico nunca morreu. O pessoal descuidou um pouco dele ao longo dos anos, mas agora está voltando com mais intensidade. E eu sempre fui mais do analógico. Se vocês olharem no meu site, vão ver que é quase 70% da matéria. Sem conhecer a eletrônica analógica, você não consegue entender a eletrônica digital. São inseparáveis.

Biblioteca nerd: algumas das milhares de publicações capitaneadas por Newton C. Braga, entre livros, revistas e manuais

A gente comentou aqui sobre o rapaz que conserta antena pirata, sobre formas alternativas de gerar energia em casa, para ser auto-sustentável e não precisar mais de pagar uma empresa para nos prover desses serviços, ou pelo menos reduzir esses custos. Isso me parece ser uma  estratégia da cultura hacker. São formas de remar contra a maré, digamos. O senhor acha que essa noção de “hackeamento” perpassa a eletrônica?

A noção de hacker na eletrônica realmente existe, porque os bens de consumo, os aparelhos e certos serviços, eles tendem a zero. Mas existe uma coisa que nunca vai perder o valor, que é o conhecimento de cada um. Vocês não podem, por exemplo, piratear a minha presença aqui, porque eu sou eu. Quando faço uma palestra, eu cobro, porque é a minha forma de sobrevivência. Tem muita gente que está percebendo isso. Tivemos o exemplo de um conjunto musical americano que pôs as músicas para vender na internet, mas o pessoal pirateava e ninguém pagava. Eles estavam ficando loucos da vida, até que um dia pensaram o seguinte: “vou colocar as minhas músicas todas de graça, mas eu vou vender o meu show, porque a minha presença ninguém pirateia”. Então a tendência é essa. Mesmo em eletrônica. No meu site eu coloco todos os artigos que eu tenho de graça, mas há certos conhecimentos que vão com a minha presença, uma aula minha, e é ai que eu ganho um pouco.

“A minha presença ninguém pirateia”. Foto: Erick Ricco

 

Para concluir, o senhor já avistou algum OVNI com seus projetos de eletrônica paranormal?

Olha, eu fazia parte de um grupo de pesquisa chamado APEX (Associação de Pesquisas Exológicas) e até foi muito interessante, porque nesse grupo eu tive a oportunidade de conhecer e conversar com o Steven Spielberg. Quando fez o “Contatos Imediatos do Terceiro Grau”, ele veio ao Brasil para lançar o filme. E foi a nossa Associação que o trouxe. Depois eu conheci o (J. Allen) Heinek, que foi um outro pesquisador importante, e eu sempre me interessei pelo fenômeno, mas sempre do ponto de vista da tecnologia. Eu participava do grupo porque todos pessoas de formação tecnológica, e mesmo científica, muito elevada. Nós tínhamos pesquisadores que eram meteorologistas, nós tínhamos pilotos de avião, médicos, então todos eles procuravam, nos fenômenos paranormais, soluções científicas. E a solução científica passa pelo uso de algum equipamento e era eu quem projetava. Eu tive a oportunidade de ver coisas muito diferentes. OVNI eu nunca vi, mas eu vi, por exemplo, nas gravações paranormais, nós tínhamos uma pessoa que pesquisava isso, uma escritora famosa brasileira, Hilda Hilst, eu vi gravações que ela fazia, em que você ouvia claramente vozes. Inclusive no meu livro “Eletrônica Paranormal” eu falo dela.

 

Lucas Mafra, Newton C. Braga e Fred Paulino. Foto: Erick Ricco